Missão de voluntariado no Uganda

daniela sá

 

Quando penso em África, a memória mais forte é o olfato. 

Este país transborda o cheiro a terra e a plantas.

Mas, o sentimento que me absorve quando paro para pensar, é a felicidade.

 

Foi com imenso orgulho e gratidão que embarquei nesta missão.
Cheia de medos, questões. Imagine-se que seria a minha primeira viagem sozinha.
Mas foi tão mais do que aquilo que esperei, que é quase impossível traduzi-lo em palavras.

Os sorrisos, a verdade e o carinho com que nos recebem é tão bom.
Sempre sonhei poder participar em algo assim. Acreditei sempre, agora mais que nunca, que a vida é tão mais do que aquilo que temos. E só saindo da nossa zona de conforto, conseguimos perceber a força do amor, do bem querer e da humanidade. Esta viagem ensinou-me tantas coisas.

Dei-lhes o melhor de mim, tentei abstrair-me de todos os pormenores da minha vida que pudessem perturbar a minha dedicação naquela missão.
Tentei honrar aquilo que a minha profissão representa. Rastreei, fiz ensinos, escutei. Cuidei.
Sorri tanto, chorei, abracei, dancei, saltei até não conseguir mais.
E o mais engraçado, é que no meio de tudo isto, ainda tive tempo para conhecer pessoas incríveis, ouvir testemunhos, partilhar ideias e realidades.

O ponto forte desta missão foi a equipa.
Tanta sintonia, tanta cumplicidade, tanto companheirismo que foi, até para mim, difícil de acreditar que era a primeira vez que estávamos juntos.

O BOL faz um trabalho incrível. Parabéns.
Fizemos mais do que aquilo que eu imaginava possível.
Parabéns também ao GLI, senti-me em casa em Entusi.

A maior lição que tirei desta missão, foi a esperança.
A esperança num Mundo melhor, num acesso a cuidados de saúde melhor. No bem, no poder da união. Nas pessoas. No amor e nas suas múltiplas formas.
Esperança essa, que vi, todos os dias, no sorriso daquelas crianças.
E nos nossos também.

Esta missão encheu-me o coração, de uma forma tão especial que, hoje não sou a mesma pessoa. Sou um pouco de tudo que dei, um pouco de tudo que recebi.

Enquanto lá estive os sentimentos transbordaram. E foram tantos.
Sou muito grata a toda a minha equipa por isso. Pelo apoio, incentivo e por pertencer a um grupo de profissionais tão competentes e especiais, que até do outro lado do mundo me fazem sentir orgulho de poder cuidar de doentes, juntamente, com todos eles.
Parabéns Davita Gondomar.

Hoje em casa a escrever este texto, já algum tempo depois, consigo sentir tudo de novo. A saudade, a energia.  
Foi sem dúvida, das melhores coisas que já vivi. E assim como as melhores coisas da vida, será certamente eterno.